O Grupo ArcelorMittal publicou, nesta quinta-feira
(29/07), o seu segundo relatório global de ações climáticas, após a publicação
do primeiro relatório em maio de 2019 e do relatório específico para Europa em
maio de 2020. A produtora de aço anuncia, pela primeira vez, uma meta global de
25% de redução da intensidade das emissões de CO2 para 2030. Além
disso, aumentou a ambição da sua meta na Europa de redução de emissões de CO2
para 35% – anteriormente havia sido anunciado 30%. Todas as metas são baseadas
em escopo 1 e 2. Em setembro de 2020, a Empresa já havia anunciado uma meta de neutralidade
de emissões de CO2 até 2050.
As metas da empresa são sustentadas por um conjunto
de premissas:
·
O custo do hidrogênio verde se tornará cada vez
mais competitivo na próxima década, mas ainda exigirá apoio dos governos.
·
A infraestrutura de captura, utilização e
armazenamento de carbono (CCUS) levará tempo para ser construída em escala. Embora
haja a expectativa de que a Europa assuma a liderança, a infraestrutura da CCUS
tem o potencial de expandir rapidamente nos EUA e Canadá – o que aumenta a
chance de materialização das premissas.
·
Diferentes regiões do mundo continuarão se
movimentando em ritmos diferentes e o nível de ambição climática difere entre
jurisdições em qualquer dado momento.
·
A introdução de políticas favoráveis ao clima em
outras regiões deverá se materializar em 5 a 10 anos comparativamente com a
Europa.
Detalhamento da meta de 2030
O novo relatório de ações climáticas fornece um roadmap
que ilustra o pensamento atual da empresa sobre a jornada para a siderurgia com
zero emissão de carbono. Cinco alavancas principais são identificadas como sendo
os suportes para alcançar a meta de neutralidade de emissões de CO2 até
2050. São elas:
A – Transformação da produção de aço: Ao longo das
próximas décadas, a indústria de produção de aço passará por uma transformação
dos ativos usados para produzir aço em uma escala não vista há mais de 100
anos. Isso inclui, em uma primeira fase, a transição do carvão mineral (nos altos-fornos)
para o gás natural (em uma planta de DRI – produção de ferro esponja) como um
precursor para o DRI com uso de hidrogênio verde.
B – Transformação do uso de energia: Nos próximos anos, a energia usada para
produzir aço passará por uma transição cada vez mais radical, passando de
energia baseada em combustíveis fósseis para formas de energia de baixo e zero
carbono. Isso inclui o hidrogênio verde, formas circulares de carbono e
tecnologias CCUS (Captura de Carbono para Uso e Estocagem).
C – Aumento do uso de sucata: Além do uso de sucata
no FEA (forno elétrico a arco), a empresa aumentará o uso de sucata no processo
de produção via rota integrada.
D – Uso de Energia Elétrica renovável: A empresa
vai se concentrar em aumentar a quantidade de eletricidade renovável que consome
e planeja fazer isso através da compra de energia renovável certificada e por
contratos de compra direta (CCD) de
energia com fornecedores de projetos renováveis.
E – Compensação das emissões remanescentes: É
provável que permaneçam emissões remanescentes de CO2 para as quais
não haja uma solução técnica e economicamente viável. Para essas emissões, a
ArcelorMittal comprará offsets ou lançará projetos para gerar créditos de
carbono de alta qualidade.
Para atingir as metas de redução, a ArcelorMittal
estimou que será necessário um investimento bruto de cerca de US$ 10 bilhões. A
empresa espera fazer aproximadamente 35% desse investimento até 2025 e o
restante na segunda metade desta década.
Com o tempo e com a implantação de tecnologias
apropriadas, espera-se que as tecnologias de fabricação de aço com baixa
emissão de CO2 se tornem mais competitivas. Até que esta situação se
configure, as empresas precisarão de apoio por meio de uma política bem
projetada para ajudar a moderar os custos iniciais de capital, além de custos
operacionais mais altos no período de transição, que poderiam tornar as
empresas pouco competitivas. A ArcelorMittal acredita que será necessário ter apoio
de aproximadamente 50% dos custos totais para permitir que as empresas
permaneçam competitivas em nível regional e global durante o período de
transição.
Quanto à tomada de decisão em relação a
investimentos, cada proposta de projeto deverá demonstrar seu impacto nas
emissões de CO2 para o Comitê de Alocação de Investimentos da
ArcelorMittal. O Comitê considera tanto o potencial custo futuro de carbono
quanto o custo de capital da descarbonização para maximizar as possibilidades
de atingir as metas, garantindo que cada projeto seja economicamente viável e
justifique o seu custo de capital.
Os projetos anunciados de produção de aço via Redução Direta – Forno
Elétrico a Arco (DRI-FEA), com uso de hidrogênio verde, incluem:
·
Redução de 50% de emissões na ArcelorMittal Espanha,
com a construção de uma unidade de produção de 2,3 Mt/ano com uso de hidrogênio
em Gijon, bem como um novo FEA híbrido. A construção dessas unidades fará a
transição da fábrica de Gijon, que passará do processo siderúrgico integrado para
a produção usando o processo DRI-FEA.
·
ArcelorMittal Sestao como a primeira planta no
mundo a produzir aço em larga escala com zero emissão de CO2 até
2025. A produção de ferro esponja será transportada por via férrea de Gijon
para Sestao para serem usadas como matéria-prima em seus dois FEAs. A ArcelorMittal
Sestao mudará seu insumo metálico; alimentará todos os ativos siderúrgicos com
eletricidade renovável; introduzirá novas tecnologias emergentes que
substituirão o uso restante de combustíveis fósseis no processo siderúrgico por
insumos energéticos neutros em carbono.
·
Planos para construir uma planta industrial de
larga escala para a siderurgia baseada em DRI-FEA em Bremen na Alemanha, além
de uma planta de DRI inovador e FEA em Eisenhuttenstadt. A redução de CO2
de cerca de 5 milhões de toneladas poderia ser possível, dependendo da
disponibilidade de hidrogênio verde.
·
A construção de uma planta de DRI em Dunquerque, na
França, para produzir 2 milhões de toneladas por ano de aço, reduzindo as
emissões de CO2 em 2,85 milhões de toneladas até 2030.
·
Testes de injeção de hidrogênio em nossa planta de
DRI em Quebec no Canadá. O teste começará com uma injeção limitada de 5% dentro
do mix de energia e outras fases estão previstas no futuro. As fontes
renováveis – hidrelétricas especificamente – fornecem 99% da energia de Quebec.
Os projetos anunciados com tecnologias inovadoras dentro do programa
Smart Carbon incluem:
- Torero e Carbalyst – duas tecnologias para
permitir o uso de carbono circular. O Torero é um processo de carbonização
para produzir biocombustível específico para produção de aço a partir de resíduos
de madeira e de plástico. O Carbalyst permite usar gases residuais do
processo de produção para gerar produtos químicos básicos, como o bioetanol,
que são os principais elementos básicos dos plásticos.
·
Na ArcelorMittal Gent está sendo construído uma
planta de demonstração em escala industrial que converte resíduos de madeira em
biocombustível através da carbonização. Cada um dos dois reatores produzirá
40.000 toneladas de biocombustível anualmente, que pode ser usado no alto-forno
como substituto do carvão mineral. O reator 1 deve iniciar a produção em 2022 e
o reator 2 em 2024.
·
Na ArcelorMittal Gent, também está sendo construído
uma planta de demonstração em escala industrial do processo Steelanol para
capturar gases dos alto-fornos e convertê-los em bioetanol usando micro
organismos. A previsão é que a fábrica seja concluída em 2022 e produza 80
milhões de litros de bioetanol anualmente.
A ArcelorMittal continua acreditando que ambos os
caminhos tecnológicos (DRI Inovador e Carbono Inteligente) têm um papel
importante a desempenhar para ajudar a indústria siderúrgica e a economia
global a alcançarem a meta de zero emissão líquida até 2050. Além disso, a empresa
continua desenvolvendo uma terceira rota, a eletrólise direta, que ainda está
em fase de pesquisa e desenvolvimento. As rotas específicas que serão finalmente
adotadas provavelmente diferem de região para região e dependem de escolhas de políticas
e da disponibilidade de financiamentos. A empresa tem conseguido acelerar os
planos para a primeira usina siderúrgica de emissão de zero carbono do mundo na
Espanha, por exemplo, devido à política do governo de acelerar a
disponibilidade de hidrogênio verde.
Políticas
A empresa também mostrou no relatório a combinação
de instrumentos de políticas que acredita serem necessárias para lidar não
apenas com investimentos significativos para a transição para novas tecnologias
de zero emissão de CO2, mas também para os custos operacionais
consideravelmente mais elevados associados a essas tecnologias, até que as
tecnologias de baixa e zero emissão de CO2 se tornem competitivas. Os
instrumentos de políticas, como os contratos pela diferença, utilizados tão
efetivamente para permitir que a indústria de energia renovável se torne
competitiva, desempenharão um papel importante na garantia de igualdade de
condições durante o período de transição.
A ArcelorMittal pretende atuar de forma ativa e
diretamente com os formuladores de políticas e organizações que permitirá a
transição para neutralidade de carbono globalmente, permanecendo, ao mesmo
tempo, competitiva.
Metas com base na ciência
A Empresa também anunciou uma nova colaboração com
a Science Based Target initiative (SBTi) e o compromisso de publicar sua meta
baseada em ciência nos próximos dois anos. Por meio da parceria, a SBTi terá
apoio para desenvolver uma nova metodologia baseada em ciência para o setor aço.
Como parte do Projeto de Metodologia para o Aço de
Zero Emissão Líquida (NZSPMP - Net Zero Steel Pathway Methodology Project),
a ArcelorMittal tem trabalhado, com outras produtoras de aço, em um conjunto de
princípios pelos quais acredita que o alinhamento com neutralidade em carbono
até 2050 deve ser medido.
Transição
A ArcelorMittal está ciente das principais
preocupações dos stakeholders quanto a uma transição justa e está
buscando utilizar princípios de boas práticas para entender o impacto social de
sua estratégia de descarbonização, apoiar o engajamento com os seus principais stakeholders
e colaborar com os formuladores de políticas na abordagem dessa questão.
Alinhamento com TCFD e benchmark de Zero Emissão
Líquida da Climate Action 100+
A ArcelorMittal seguiu as diretrizes da TCFD
(Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima) e o benchmark
de zero emissão líquida da Climate Action 100+. Embora a empresa ainda não tenha
feito a divulgação totalmente de acordo com os critérios da TCFD ou com o
benchmark de zero emissão líquida da CA100+, a empresa acredita que este
relatório marca um avanço significativo, demonstrando aos stakeholders o
seu compromisso de adotar uma posição de liderança na descarbonização da
indústria siderúrgica em termos de definição de metas, desempenho e divulgação.
Remuneração dos executivos
A empresa agora pretende vincular essas metas à
remuneração dos executivos. Os detalhes serão publicados oportunamente.
Comentando, Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal disse:
“O aço pode dar
uma enorme contribuição para a descarbonização da economia global. O aço
já é o material de primeira escolha devido à sua menor pegada de carbono e alta
propriedade de reciclagem. Mas podemos e devemos ir mais longe, pois o aço com zero
de emissões de carbono tem o potencial de ser a espinha dorsal de edifícios,
infraestrutura, indústria e máquinas, e de sistemas de transporte que
permitirão que os governos, clientes e investidores cumpram seus compromissos de
zero emissão líquida (net-zero).
“A ArcelorMittal tem trabalhado com afinco para
estar na vanguarda do nosso setor na transição para o net-zero, pois
acreditamos que isso não só ajudará a descarbonizar a economia global, mas
também gerará oportunidades em vários aspectos do nosso negócio.
“Isso se reflete nas novas metas que anunciamos
hoje. Pela primeira vez, publicamos uma meta do grupo para 2030, juntamente com
uma meta mais ambiciosa para o nosso negócio na Europa. Acreditamos que essas
metas estejam alinhadas com nossa ambição de zero emissão líquida até 2050 e
anunciamos hoje uma nova colaboração com a Science Based Target initiative
(SBTi).
Sobre a ArcelorMittal
O Grupo ArcelorMittal é líder mundial em siderurgia
e mineração. Com presença em 60 países e instalações siderúrgicas primárias em
17 países, tem como propósito criar aços inteligentes para um mundo melhor. Em
2020, o Grupo registrou receita de US$ 53,3 bilhões e produção de aço bruto de
71,5 milhões de toneladas, enquanto a produção de minério de ferro atingiu 58,0
milhões de toneladas.
No Brasil, a ArcelorMittal possui plantas
industriais em seis estados e conta com cerca de 17 mil empregados. Sua capacidade
instalada de produção de aço é superior a 12,5 milhões de toneladas/ano. Produz
aços longos e planos de alta qualidade para indústrias automobilística, de
eletrodomésticos, embalagens, construção civil, naval, entre outras. Também
atua em mineração, geração de energia, produção de biorredutor renovável e
tecnologia da informação. Sua ampla rede de distribuição e serviços atende às
demandas dos mercados doméstico e internacional.
Confira o release na íntegra:
Acesse o relatório neste link: https://corporate.arcelormittal.com/sustainability/climate-action-reports